Diretor> David Lean (1965)
Elenco> Omar Shariff, Julie Christie, Geraldine Chaplin
Duração> 197 minutos
O drama Dr. Jivago, um dos maiores épicos do cinema, tem
como cenário a Revolução Russa. Ali, seguimos o idealista Jivago (Omar Sharif),
médico e poeta que, casado com a aristocrata Tonya (Geraldine Chaplin), tem que
conviver com os encontros e desencontros com seu verdadeiro Amor: Lara (Julie
Christie).
Quando Doutor Jivago chegou aos cinemas, em 1965, ao
contrário do que muitos pensam, não foi um sucesso imediato. Logo na primeira
semana, os críticos olharam com antipatia a história de amor que atravessa a
Revolução Russa, a ponto do Diretor, David Lean, jurar nunca fazer outro filme.
Nada mais injusto, principalmente se observamos a grande jornada que a produção
teve que fazer para chegar às telas.
Baseado no romance do autor russo Boris Pasternak, o
calhamaço de quase seiscentas páginas, foi reduzido a um roteiro de cerca de
250 folhas por Robert Bolt. David Lean, depois do sucesso de Lawrence da
Arabia, era o nome mais indicado para dar vida ao épico literário. Um dos
primeiros entraves enfrentados foi a locação, o produtor Carlo Ponti desejava
rodar na União Soviética, mas o governo proibiu. Lean visitou a Ioguslávia e os
países escandinavos, mas a burocracia e o clima acabaram se tornando obstáculos
para a produção. Assim, o filme teve que ser praticamente filmado na Espanha –
os cenários que retratam Moscou demoraram cerca de 18 meses para serem
construídos - onde não teve problemas com o tempo, mas sim com o momento
político. Na época, a Espanha estava sobre o regime do general Francisco
Franco, que acompanhou parte das gravações, causando um grande desconforto nos
figurantes.
Enquanto ao elenco, existiam controvérsias entre os
produtores e o diretor. Carlo Ponti queria sua mulher, a atriz Sophia Loren, no
papel de Lara, David Lean não aceitou, alegando que a atriz era alta demais
para o papel, ganhou Julie Christie. Omar Sharif tinha sido convidado para
fazer Pasha, marido de Lara, e acabou recebendo de presente o médico poeta
Jivago. Audrey Hepburn seria Tonya, desejo que se desfez depois que Geraldine
Chaplin fez o teste para o papel, encantando o diretor.
A trilha sonora, um dos componentes fundamentais de Dr.
Jivago, teve seus momentos de discussão. Lean não queria Maurice Jarre, achava
o compositor francês muito meloso. No fim das contas, o Tema de Lara foi o
grande chamariz do drama e vendeu cerca de 600 mil cópias na época do lançamento e
arrematou o Oscar de Melhor Trilha Sonora.
Em renda, Doutor Jivago só perde para E o vento levou,
ficando na segunda posição dos filmes mais rentáveis da MGM e, ajustado a
inflação (de 2010), em oitavo em arrecadação.
Hoje, para os jovens cinéfilos, deve ser difícil
acompanhar a tomadas longas e abertas de Dr. Jivago. Mas uma coisa não mudou, a
história de amor que sobrevive a Revolução Russa e a guerra, não se tornou
datado, emociona ainda por sua grandiosidade e beleza, característica típicas
dos grandes épicos que o cinema, infelizmente, não produz mais.